A Busca Humana Pelo Conhecimento e Pela Verdade

Existe uma frase atribuída ao famoso filósofo da antiguidade, Sócrates, que me causa certa inquietação, “uma vida sem busca, não é digna de ser vivida”. Eu me pergunto: O que seria essa busca? E por que a vida humana sem ela, seria menos digna de ser vivida caso não a realizemos?

Bem, devemos clarear algumas coisas aqui. A busca de que Sócrates está falando é a busca pelo conhecimento. Como sabemos, o modo de existência do homem é único entre todos os seres vivos porque ele é capaz de conhecer. Deus nos fez assim. O que nos torna à Sua imagem e semelhança são justamente essas potências interiores, a inteligência e a vontade. Porque somos seres de inteligência e vontade podemos eleger Deus, e sermos seus amigos.

A frase de Sócrates não deve ser entendida do ponto de vista que diminui o valor da vida humana. Sabemos que esse valor é intrínseco a pessoa, e que não está atrelado ao que ela faz ou tem. No entanto, podemos sim afirmar que o conhecimento imprime qualidade à vida humana. Vejam meus amigos, o conhecimento adquirido nos dá elementos que contribuem para o aumento da nossa própria liberdade. Quanto mais conhecemos, mais nos tornamos livres, pois, a partir do momento que eu conheço melhor o objeto de estudo, passo a ter maiores condições de elegê-lo e de permanecer fiel a essa opção de eleição.

O amor verdadeiro também exige o conhecimento e a liberdade. Não podemos testemunhar realmente o amor se não somos livres para isso, ou, se não conhecemos mais profundamente o bem que se ama. É por isso que as ideologias, as mentiras, a própria obstinação de muitos no erro, são como que máscaras colocadas para afirmar algo que não somos. É um grande engano achar que quem vive por uma ideologia, por uma mentira ou erro, pode ser feliz, que pode ter a inteligência e a vontade satisfeitas.

Eu também gostaria de falar da realidade da busca que experimentados ao logo da vida. Nós estamos sempre a procura de algo. Vivemos uma busca, e mesmo que não tenhamos de modo esclarecido na nossa mente aquilo que buscamos, nossa vontade não para de desejar, e acaba nos colocando em movimento num caminho que procura a saciedade. Quando a pessoa não faz uma correta adequação da realidade, o que consequentemente não permite a construção de uma ideia verdadeira e real sobre as coisas, corre-se o risco, infelizmente, de satisfazer-se de qualquer modo, ou, com migalhas.

Nesse sentido, encarando com seriedade que somos seres em busca e em constante movimento, descobrimos que o desejo que sentimos arder dentro de nós, e que não pode, de modo algum ser saciado pelas coisas desse mundo, é um grande sinal que aponta para o infinito. Só Deus, caros irmãos, pode saciar a sede que possuímos.

Vejamos um exemplo. Vocês se lembram de Pedro, Tiago e João? Do alto da montanha eles contemplam a face gloriosa de Cristo. Naquele momento a alma deles está preenchida de Deus, está preenchida de verdade. Pedro, encontrando o que o seu coração mais ansiava diz: “é bom estarmos aqui, façamos três tendas, uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Ele não quer arredar o pé dali. Caros irmãos, quando encontramos a razão da nossa vida, que é Deus, que precisa ser Deus, encontramos a verdadeira paz. Aí a nossa inteligência e a nossa vontade repousam realmente, porque alcançam o motivo dos seus esforços.

Não tenham medo de buscar o que realmente importa. Não tenham medo de escancarar as portas dos vossos corações a Cristo! Não tenham medo de lutar pela verdade, sabendo que a maior de todas as verdades é Cristo! A verdade cristã em meio a uma sociedade adoecida e corrompida como a nossa, pode parecer as vezes frágil, pequena, e como Cristo na cruz, até impotente, mas ela sempre vai vencer, porque ela não é nossa, não é uma filosofia pessoal, é a verdade de Deus!

Pe. Roberto César Braga

Formador no Seminário Diocesano São José

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